MEMORIAL REFLEXIVO
Já dizia o poeta,” Um sonho que se sonha sozinho é apenas um sonho, mas um sonho que se sonha junto vira realidade”. O meu sonho de ser professora começou já na minha infância, quando brincava de “escolinha” com minhas amigas. Meu sonho sempre foi compartilhado pelos meus pais. Embora tenha convivido pouco com minha mãe; pois ela faleceu quando eu tinha apenas oito anos, todavia ficou sempre presente em minha mente e em meu coração toda a sua bondade, amor e carinho com todos que a rodeavam. Lembro-me que ela preparava o lanche para brincarmos de escolinha. Fecho os olhos e ainda consigo recordar de suas palavras que comentava que eu seria uma boa professora, pois era paciente e dedicada com as colegas. Sua morte foi prematura nos deixou aos quarenta e dois anos deixando um vazio que nunca foi preenchido,
Minha infância até os oito anos foi perfeita, criança inocente que só pensava em brincar e ir para a escola. A partir da morte de minha mãe tudo ficou sem graça, a vida perdeu o colorido e os dias passaram a ser cinzentos. Estava na terceira série quando minha mãe morreu, não vou esquecer jamais da atenção e carinho que recebi da Professora Edna. Tornei-me uma criança quieta e tímida, passei a ser cada vez mais medrosa. Meu pai viúvo com apenas cinqüenta anos não pensou mais em se casar, pois tinha duas meninas, eu e minha irmã mais nova com seis anos, além de cinco rapazes. Ficou apreensivo que não desse certo e preferiu não arriscar.
Quando comecei a cursar a quinta série a situação piorou, pois fui me fechando cada vez mais, não tinha ninguém para conversar. Meu pai nunca foi de muita conversa, principalmente com filha mulher, somente ensinava o que era certo ou errado. O meu sonho de ser professora foi se apagando dentro de mim, com toda minha timidez nunca poderia me tornar professora. Naquela época tinha prova oral, que terror, estudava bastante, mas não hora não conseguia falar.
A situação começou a apresentar alguma melhora quando já estava na sétima série, pois comecei a fazer amigos e aos poucos a alegria foi voltando a minha vida. Quando estava cursando a oitava série que seria o meu ultimo ano naquela escola, meu pai foi despertando cada vez mais o meu sonho. Nesta época já tinha mais amigos e já aos poucos fui desabrochando para a juventude e as expectativas de uma nova escola.
A situação começou a apresentar alguma melhora quando já estava na sétima série, pois comecei a fazer amigos e aos poucos a alegria foi voltando a minha vida. Quando estava cursando a oitava série que seria o meu ultimo ano naquela escola, meu pai foi despertando cada vez mais o meu sonho. Nesta época já tinha mais amigos e já aos poucos fui desabrochando para a juventude e as expectativas de uma nova escola.
O fato de estudar em outra escola e em outro município causou-me grande euforia, mas que durou pouco. Teria que viajar de ônibus sendo que passava mal nas poucas viagens feitas até então, e agora seriam todos os dias. Mas o pior ainda estava por vir, ninguém da minha escola iria estudar comigo. Os poucos que iriam estudar iam para outra escola. Meu pai não queria outra escola, pois a que ele escolheu tinha o curso de Magistério. Meu primeiro semestre foi horroroso, chegava ao colégio tonta porque passava mal na viagem e na volta para casa a mesma coisa. Aos poucos fui me acostumando com as viagens, mas já não acreditava tanto no meu sonho. Sentia-me perdia naquele colégio tão grande e com apenas uma amiga tão tímida quanto eu. Meu pai sentia orgulho de mim, cada vez que ia pegar o boletim eu era elogiada como boa aluna e quietinha. Como a quietinha queria falar, ser bem tagarela. No segundo semestre a situação ficou cada vez pior, fui ficando deprimida e sem vontade de estudar, minhas notas baixaram e fiquei em recuperação. Meu pai sempre me apoiando, embora fosse um homem de pouca conversa sempre me orientou sobre os valores do ser humano. Acho que não fui reprovada porque eu era muito quietinha.
No segundo ano teríamos que escolher o curso profissionalizante, a matrícula foi feita no Magistério, embora estivesse receosa. A vida nos reserva surpresas e já estava na hora delas aparecerem para mim. Reencontrei minha amiga da oitava série no curso de Magistério e encontrei uma professora que colocou um pouco de luz no meu caminho. Não esqueceria jamais a dedicação, amizade e carinho da professora Fátima, ela lecionava a disciplina de Didática e era a Coordenadora do curso. Ao seu lado fui tendo mais confiança, suas palavras de incentivo e de coragem me alegrava a alma. Meu curso de Magistério foi concluído com muito sacrifício, pois meu pai com muita dificuldade fazia ecomonia para me manter estudando. Sei que a realização de concluir o curso encheu meu pai de orgulho.
Após a conclusão do Magistério prestei vestibular, Pedagogia em primeira opção e Letras em segunda. Fui aprovada para Letras, não era o que queria então resolvi fazer até consegui mudar de curso. Bastaram alguns meses de aula e já estava apaixonada pelo curso. Houve um encantamento pela leitura e pela literatura. Mas na minha vida nada aconteceu fácil, tive que transpor muitos obstáculos para conseguir alcançar meus objetivos. O inesperado apareceu, no final do primeiro semestre meu pai me comunicou que deveria deixar a faculdade, pois ele não poderia mais pagar. Lembro-me como se fosse hoje, parecia que o mundo tinha aberto um buraco bem grande embaixo de meus pés e eu havia caído. Não tinha forças nem animo para reagir. Todavia meu pai sempre confiante e me encorajando para não desistir. Teria que arrumar um emprego sabia que não seria fácil, pois já havia tentado. Decidi tentar novamente, não iria desistir. Comecei a ir todos os dias na Coordenadoria Estadual que estava localizada no município, de tanto insistir acabaram dando-me uma vaga. Foi uma vitória, fiz um trabalho excelente que agradou a todos.
No final do mesmo ano fiz concurso publico estadual para professora e fui aprovada. Apareceu outro obstáculo a ser vencido, a escola onde iria trabalhar ficava em outro município de difícil acesso de ônibus, sendo que teria que morar no local. Sempre tive muita fé e fui em frente. Fui acolhida com muito carinho por um casal de idosos, sua filha e sua netinha. Trataram-me como um membro da família. Vinha para casa somente nos finais de semana. Fiquei na escola por dois anos e depois fui transferida para meu município. De volta para casa pude então retomar o curso de Letras. Com o incentivo de meu pai conquistei mais esta vitória. Após a conclusão do curso mudei de área e comecei a lecionar de quinta a oitava série, logo em seguida também com o ensino médio. Anos depois conclui também a pós-graduação.
Sempre procurei participar e aproveitar todas as oportunidades de aperfeiçoamento que me foram proporcionadas participei de cursos de capacitação, seminários, educação continuada em novas tecnologias, educação continuada no Progestão, feiras entre outros. Buscando sempre inovar a pratica pedagógica.
Nestes meus 25 anos de Magistério já exerci várias funções, mas nenhuma delas me proporcionou tanto prazer e satisfação como a sala de aula. É o lugar onde me sento completa, procurando tornar a educação cada vez melhor. Pois, acredito na escola pública. Meu pai faleceu no ano passado aos 89 anos, foi um verdadeiro guerreiro e nunca me deixou desistir de SONHAR.
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